OBRIGADA PELA VISITA!

A CORUJINHA

Corujinha


Corujinha, corujinha
Que peninha de você
Fica toda encolhidinha
Sempre olhando não sei que
O teu canto de repente
Faz a gente estremecer
Corujinha, pobrezinha
Todo mundo que te vê
Diz assim, ah! coitadinha
Que feinha que é você

Quando a noite vem chegando
Chega o teu amanhecer
E se o sol vem despontando
Vais voando te esconder
Hoje em dia andas vaidosa
Orgulhosa com quê
Toda noite tua carinha
Aparece na TV
Corujinha, corujinha
Que feinha que é você!

A corujinha (Atividade Escolar)








UMA MULHER CHAMADA GUITARRA


Uma Mulher Chamada Guitarra

Vinicius de Moraes


UM DIA
, casualmente, eu disse a um amigo que a guitarra, ou violão, era "a música em forma de mulher". A frase o encantou e ele a andou espalhando como se ela constituísse o que os franceses chamam um mot d'esprit. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada disso; é, melhor, a pura verdade dos fatos.

0 violão é não só a música (com todas as suas possibilidades orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina — viola, violino, bandolim, violoncelo, contrabaixo — o único que representa a mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e ancas plenas; cultivada, mas sem jactância; relutante em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama; atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de caráter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e apaixonada. Há mulheres-violino, mulheres-violoncelo e até mulheres-contrabaixo.

Mas como recusam-se a estabelecer aquela íntima relação que o violão oferece; como negam-se a se deixar cantar, preferindo tornar-se objeto de solos ou partes orquestrais; como respondem mal ao contato dos dedos para se deixar vibrar, em benefício de agentes excitantes como arcos e palhetas, serão sempre preteridas, no final, pelas mulheres-violão, que um homem pode, sempre que quer, ter carinhosamente em seus braços e com ela passar horas de maravilhoso isolamento, sem necessidade, seja de tê-la em posições pouco cristãs, como acontece com os violoncelos, seja de estar obrigatoriamente de pé diante delas, como se dá com os contrabaixos.

Mesmo uma mulher-bandolim (vale dizer: um bandolim), se não encontrar um Jacob pela frente, está roubada. Sua voz é por demais estrídula para que se a suporte além de meia hora. E é nisso que a guitarra, ou violão (vale dizer: a mulher-violão), leva todas as vantagens. Nas mãos de um Segovia, de um Barrios, de um Sanz de la Mazza, de um Bonfá, de um Baden Powell, pode brilhar tão bem em sociedade quanto um violino nas mãos de um Oistrakh ou um violoncelo nas mãos de um Casals. Enquanto que aqueles instrumentos dificilmente poderão atingir a pungência ou a bossa peculiares que um violão pode ter, quer tocado canhestramente por um Jayme Ovalle ou um Manuel Bandeira, quer "passado na cara" por um João Gilberto ou mesmo o crioulo Zé-com-Fome, da Favela do Esqueleto.

Divino, delicioso instrumento que se casa tão bem com o amor e tudo o que, nos instantes mais belos da natureza, induz ao maravilhoso abandono! E não é à toa que um dos seus mais antigos ascendentes se chama viola d'amore, como a prenunciar o doce fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo melodioso acento de suas cordas... Até na maneira de ser tocado — contra o peito — lembra a mulher que se aninha nos braços do seu amado e, sem dizer-lhe nada, parece suplicar com beijos e carinhos que ele a tome toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame acima de tudo, pois do contrário ela não poderá ser nunca totalmente sua.

Ponha-se num céu alto uma Lua tranqüila. Pede ela um contrabaixo? Nunca! Um violoncelo? Talvez, mas só se por trás dele houvesse um Casals. Um bandolim? Nem por sombra! Um bandolim, com seus tremolos, lhe perturbaria o luminoso êxtase. E o que pede então (direis) uma Lua tranqüila num céu alto? E eu vos responderei; um violão. Pois dentre os instrumentos musicais criados pela mão do homem, só o violão é capaz de ouvir e de entender a Lua.


Texto extraído do livro "Para Viver um Grande Amor", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1984, pág. 14.

SONETO A KATHERINE MANSFIELD


Soneto a Katherine Mansfield

Vinicius de Moraes


O teu perfume, amada — em tuas cartas
Renasce, azul... — são tuas mãos sentidas!
Relembro-as brancas, leves, fenecidas
Pendendo ao longo de corolas fartas.
 
Relembro-as, vou... nas terras percorridas
Torno a aspirá-lo, aqui e ali desperto
Paro; e tão perto sinto-te, tão perto
Como se numa foram duas vidas.

Pranto, tão pouca dor! tanto quisera
Tanto rever-te, tanto!... e a primavera
Vem já tão próxima! ...(Nunca te apartas

Primavera, dos sonhos e das preces!)
E no perfume preso em tuas cartas
À primavera surges e esvaneces.


Vinicius, com este soneto, presta uma homenagem a Katherine Mansfield, nascida da Nova Zelândia e desde há muito considerada uma das melhores escritoras da língua inglesa.

Extraído do livro "Vinicius de Moraes - Poesia Completa e Prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 250. Abaixo, a tradução do soneto para a língua inglesa, realizada por Regina Werneck:


Sonnet to Katherine Mansfield


Your perfume, beloved — in your letters
Reborn, blue...— it's your afflicted hands!
I remember them white, light, withered
Pending along abundant corollas.

I remember them, I go... in lands gone through
I inhale it again, here and there awakened
I stop; and so close I feel you, so close
As if in one we had two lives.

Weeping, so little pain! so much I wished
So much to see you again, so much!... and the spring
Already comes so close!... (will you never part

Spring, from dreams and from prayers!)
And in the imprisoned perfume in your letters

Fonte: Projeto Releituras

TERNURA

Ternura

Vinicius de Moraes


Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar 
                                                                     [ extático da aurora.


Texto extraído da antologia "Vinicius de Moraes - Poesia completa e   prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 259.

Fonte: Projeto Releituras


SONETO DE FIDELIDADE


Soneto de Fidelidade

Vinicius de Moraes


De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.

O ÚLTIMO TRABALHO DE VINÍCIUS






    ...Vinicius sente sua saúde debilitada. E, em 1979, numa volta de viagem à Europa, sofre um derrame cerebral no avião. Mesmo enfraquecido, Vinicius mantém seus hábitos: bebe, fuma, cria… e retoma seu projeto infantil. Além das músicas criadas com Paulo Soledade, adapta as italianas e, com Toquinho, concebe novas melodias para outros poemas. A intenção é lançar dois discos com suas canções para crianças.
Toquinho, que na época mora com o amigo na Gávea, disse que na noite de 8 de julho de 1980 eles entraram madrugada adentro conversando. Num determinado momento, Vinicius fala que vai tomar um banho e descansar. No banheiro, tem dificuldades em respirar. É encontrado deitado na banheira na manhã seguinte pela empregada. Acudido por Toquinho e Gilda, não resiste. Morre em 9 de julho vítima de edema pulmonar. “Estávamos escolhendo os intérpretes para gravar a segunda versão da ‘Arca de Noé’. E o mais incrível é que no dia em que ele morreu, e foi de manhãzinha, passamos a madrugada toda conversando e recordando tantas coisas, só nós dois, ao som do violão. Um dos assuntos era a escolha dos intérpretes. Ele ria muito ao lembrar das Frenéticas cantando ‘Aula de Piano’ e imaginar Ney Matogrosso no papel de ‘A Galinha d’Angola’”, explica o parceiro.
Em entrevista a Tárik de Souza, o produtor Fernando Faro reafirma que Vinicius trabalhou até pouco antes de morrer. “Na madrugada em que se foi, vertia do italiano para o português os poemas da Arca. E cobrava de mim: ‘Faro, me dá logo esse treco!’. Ele respirava esse disco, atento a todos os detalhes”, conta o produtor dos shows e dos álbuns da dupla Toquinho-Vinicius.
Nesse processo das escolhas dos poemas, o poeta percebe que perdeu uma das músicas. “O Vinicius era muito desorganizado. Quando ele estava separando as músicas que entrariam no segundo disco, percebeu que havia perdido o poema ‘O Pintinho’. Eu tive de traduzir a versão italiana lançada pelo Sergio Endrigo como ‘Il Pulcino’. E aí ele refez o poema a partir da minha tradução”, relembra Gilda.
A primeira A Arca de Noé é lançada pela gravadora Ariola em LP e fita-cassete numa sexta-feira, 10 outubro de 1980, numa operação casada com a TV Globo, que produz o especial Vinicius para Crianças, apresentado naquele mesmo dia. Apesar de ter sido gravado pouco depois do primeiro, o segundo volume da Arca chega ao mercado no ano seguinte.


INFORMAÇÕES RETIRADAS  ATRAVÉS DO SITE (ITAÚ CULTURAL): www.albumitaucultural.org.br

Cem anos do Poetinha

CENTENÁRIO DE VINÍCIUS DE MORAES


2013, ano do "CENTENÁRIO DE VINÍCIUS DE MORAES- O Poetinha"

   Em 1913 nasceu o poeta, escritor, compositor e jornalista, Vinicius de Moraes. Conhecido também como "Poetinha". Presente na vida dos brasileiros com suas obras fantásticas que ainda emocionam crianças, jovens e todos os que conhecem seus trabalhos tão famosos em nosso país. Muitos acabaram atribuindo uma ou outra de suas obras como lembrança e marca de grandes momentos  na vida. Nós brasileiros não podíamos deixar de comemorar neste ano de 2013  “O Centenário de Vinicius de Moraes”. 
   Muitas homenagens já estão ocorrendo em todo o país. Conhecimentos e reflexões sobre a sua vida pessoal, relacionamentos, religião, amigos, parceiros de jornada e momentos marcantes de sua trajetória numa época de  grandes acontecimentos no Brasil e no mundo. Marcou também o universo infantil com muitos poemas que se transformavam em músicas e eram interpretados por grandes mestres cantores, compositores e também amigos do nosso querido "Poetinha".
   Neste blog buscamos reunir informações, notícias, obras, história e conhecimentos sobre Vinícius de Moraes e sua participação marcante em nosso Brasil na literatura, música, teatro, no surgimento da tão rica "Bossa Nova" e no universo infantil.
 Marcus Vinicius da Cruz Mello Moraes, ou simplesmente Vinicius de Moraes, nasceu em 19 de outubro de 1913, no Rio de Janeiro. Formou-se na Faculdade de Direito do Catete em 1933 e também foi estudar Literatura Inglesa na Universidade de Oxford, porém não conseguiu se formar em razão da Segunda Guerra Mundial. Casou-se nove vezes, porque gostava muito da sensação de estar apaixonado.
   Dentre suas obras teatrais, a mais conhecida é “Orfeu da Conceição”. Também compôs muitas músicas como: “A Rosa  de Hiroshima” inspirada na "Segunda Guerra Mundial", “Eu sei que vou te amar”,  “Garota de Ipanema”, "Pela luz dos olhos teus" e  uma grande e marcante diversidade de músicas do seu álbum "A arca de Noé"  que enriqueceu o universo infantil com: "A casa", "O Pato", "A Corujinha", "O Leão", "O pinguim", "A pulga", "O relógio", "O gato", "As Borboletas", "O Girassol", "O Elefantinho", "A Galinha D'Angola", "Aquarela", "A Arca de Noé" e muitas outras.

    Morreu na manhã de 9 de julho de 1980, aos 67 anos, dentro de uma banheira, em razão de um enfisema pulmonar.


"Vinicius estará presente em nossa cultura para sempre. Sendo lembrado pela riqueza de poemas e criações que fazem parte de nossas vidas e já marcaram e emocionaram muitos brasileiros. Com certeza essa sabedoria será transmitida por gerações e o nosso "Poetinha", continuará vivo em nossa nação."
Por Profª Paula Oliveira.

Referência: Wikipédia.