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UNIVERSO INFANTIL







O LIVRO
As primeiras braçadas pelo mundo das crianças começam nos anos 1950, momento em que sua carreira diplomática e literário-jornalística estão a todo vapor. Alguns dos poemas de Vinicius criados para os filhos Susana (1940), Pedro (1942), Georgiana (1953) e Luciana (1956) são musicados pelo paranaense Paulo Soledade (1919-1999). Duas composições são gravadas em 1954 por Silvio Caldas (1908-1998): “O Relógio” e “São Francisco”, mas passam despercebidas do público. Nessa leva de poeminhas com melodia estão “O Peru”, “A Formiga” e “A Cachorrinha”, como confirmou Soledade ao produtor Fernando Faro, no programa MPB Especial, da TV Cultura, em 1975.
Na década do otimismo propagado por Juscelino Kubitschek e de seu  ”50 anos em 5″, em que o disco de 78 rotações convive com o nascente long-play de 33 rotações por minuto, em que a TV revoluciona a comunicação e o samba-canção anuncia a chegada da bossa nova, a música autoral para crianças ainda está restrita às adaptações de clássicos da literatura infantil por Braguinha (1907-2006) – que nos anos 1960 originam a Coleção Disquinho, da gravadora Continental – e aos ecos de “Canção da Criança”, último hit do cantor Francisco Alves (1898-1952).
Em 1970, ano em que nasce o seu quarto filho (Maria) e em que firma parceria com o instrumentista paulistano Toquinho, tem esse quintal de escritos infantis aberto ao público: é lançado o livro A Arca de Noé – Poemas Infantis de Vinicius de Moraes (Ed. Sabiá). A publicação reúne poeminhas já editados, como aqueles que Paulo Soledade musicou nos anos 1950, e outros inéditos. São 20 temas no total: “A Arca de Noé”, “São Francisco”, “Natal”, “O Girassol”, “O Relógio”, “O Pinguim”, “O Elefantinho”, “A Porta”, “O Leão”, “O Pato”, “A Cachorrinha”, “A Galinha d’Angola”, “O Peru”, “O Gato”, “As Borboletas”, “O Marimbondo”, “As Abelhas”, “A Foca”, “O Mosquito” e “A Casa”.
A primeira A Arca de Noé é lançada pela gravadora Ariola em LP e fita-cassete numa sexta-feira, 10 outubro de 1980, numa operação casada com a TV Globo, que produz o especial Vinicius para Crianças, apresentado naquele mesmo dia. Apesar de ter sido gravado pouco depois do primeiro, o segundo volume da Arca chega ao mercado no ano seguinte.
DO DISCO PARA A TV; DO BRASIL PARA O MUNDO
No período de lançamento ainda do primeiro álbum, em outubro de 1980, a Globo apresenta o especial infantilVinicius para Criança. Em homenagem ao poeta que havia morrido recentemente e ao Dia das Crianças, as canções do disco A Arca de Noé são interpretadas pelos mesmos artistas que as cantam no LP, em meio aos cenários lúdicos criados por Federico Padilla no Teatro Fênix, no Rio de Janeiro, e às técnicas inovadoras de estúdio para a época. Dirigido por Augusto César Vannucci (1934-1992), o programa é apresentado por sua afilhada, Aretha Marcos, então com seis anos de idade. Além da exibição no Brasil, Vinicius Para Criança também circula por outros países, como Dinamarca, Israel e Portugal, depois de conquistar o Emmy de Ouro na categoria Popular Arts (EUA), o Prêmio Ondas (Espanha), ambos em 1981, e o da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 1982.
Para a jornalista e radialista Patrícia Palumbo, “Vinicius tem qualquer coisa de Manoel Bandeira quando escreve para crianças; uma graça, uma doçura e ao mesmo tempo trata dos temas com inteligência, não subestima o pequeno leitor. Essa foi a marca, junto à qualidade musical e aos artistas da primeira linha da música popular. Como o trabalho virou referência, é dificil não comparar. Virou o top de excelência!”, afirma.


 







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